quinta-feira, 26 de agosto de 2010

senso comum










A história da Humanidade, entendida como a espécie Homo sapiens, remonta há pelo menos seis milênios, quando aceitamos o critério historiográfico clássico que demarca o seu início a partir dos primeiros registros escritos. Durante essa trajetória, a Humanidade acumulou uma considerável gama de saberes que foram sistematizados como conhecimentos.




Reconhecemos que a filosofia nasceu por volta do século VII a.C. entre os gregos e estes produziram uma cultura de vários mitos explicativos da realidade. A expansão marítima grega permitiu um confronto entre seus mitos e os de outros povos, levando-os a superar estes através de uma atitude reflexiva diante da realidade, num esforço de compreendê-la racionalmente.



Em síntese, a filosofia surge da necessidade dos gregos adquirirem episteme, um conhecimento fundamentado (racional), para superar a doxa, a opinião. Esse conhecimento pretende ser o mais profundo (radical) possível sobre a realidade analisada. Quanto mais refletirmos sobre esta realidade, mais podemos compreendê-la, levantar questionamentos e sugerir soluções para os problemas relacionados a ela. Para tanto, a filosofia nos auxilia e, no entender de Hessen1, constitui-se numa tentativa do espírito humano, através de suas funções teóricas e práticas, de chegar a uma concepção do universo por meio da auto-reflexão.



A modernidade caracteriza-se pela racionalização que emerge na Europa, processo iniciado com o renascimento italiano, mas substanciado com a revolução científica no século XVII. O legado deste período traduz-se no que denominamos ciência moderna ou, simplesmente, ciência.



Este artefato teórico permite-nos adquirir conhecimento fundamentado através de pesquisas, estudos e comprovações até chegarmos ao reconhecimento da comunidade científica de que o conhecimento produzido revela a verdade sobre os fenômenos. Acatamos que essa verdade pode ser redimensionada por um novo conhecimento, algo que provavelmente nos leve a questioná-la, mesmo que tenha se tornado prevalente, o que possibilita reconstrução e renovação contínuas da ciência.



No contexto atual, o pensamento dos profissionais de saúde está voltado para considerar conhecimento como aquilo cientificamente comprovado, aquilo que a literatura afirma como verdade, muitas vezes se opondo ou desprezando o senso comum, passando a negar ou tratar como erro o modo como as pessoas comuns, do saber popular, entendem e explicam o mundo, a criar abismos epistemológicos questionáveis.



O senso comum contribui para que a ciência progrida a partir de dificuldades que emergem no dia-a-dia das pessoas. Poderíamos elencar várias situações problemas vividas em contextos sociais que exigem da comunidade científica a necessidade de pesquisar, de aprofundar interpretações dos achados e propor soluções ou indicar caminhos para as dificuldades enfrentadas pela população. Muito antes de a farmacologia moderna desvendar cientificamente a ação da cafeína sobre o sistema nervoso central (SNC), especialmente seu efeito estimulante, as comunidades indígenas da Amazônia se beneficiavam das propriedades desta substância no alívio da fadiga, através do emprego do guaraná, sem necessariamente compreender sua composição química ou outras possibilidades terapêuticas2. Contextos socioculturais diferentes permitem comunidades diversas experimentarem vivências únicas, formularem suas visões de mundo e, a partir destas, desenvolverem maneiras de viver.



Reconhecemos a utilidade da ciência para esclarecer aspectos problemáticos suscitados pelo senso comum, ou seja, para responder sob os cânones científicos aos seus questionamentos, bem como garantir a cientificidade das respostas produzidas para aqueles problemas. Faz-se necessário que os profissionais da saúde compreendam o elo entre a ciência e o senso comum, sob um prisma filosófico, para que, a partir dos dois conhecimentos existentes, possamos construir novos conhecimentos, levando a ciência para a realidade de cada comunidade sem menosprezar o seu saber, seu "senso comum".



A filosofia pressupõe o conhecimento da realidade a partir de seus fundamentos numa perspectiva racional, posicionando-se epistemologicamente como um saber de segunda ordem porquanto a reflexão é um voltar-se sobre a dimensão teórica do senso comum e da ciência. Assim, os conhecimentos envolvidos nesta reflexão pretendem beneficiar a nossa proposta, demonstrando que, a partir de uma articulação entre essas três formas básicas de conhecimento, pode-se desenvolver uma compreensão satisfatória do processo de promoção da saúde mediado pela educação em saude.

2 comentários:

Gabriele disse...

é a primeira suposta compreensão do mundo resultante da herança fecunda de um grupo social e das experiências actuais que continuam sendo efetuadas. O senso comum descreve as crenças e proposições que aparecem como normal, sem depender de uma investigação detalhada para alcançar verdades mais profundas como as científicas.

Anônimo disse...

Oi este texto tá cheio de plágio! Isso é crime. Um filosofo deve amar a sabedoria e não deturpá-la.